domingo, 18 de outubro de 2020

Ensino Religioso e a Educação Formal

 

    Em um país laico o ensino religioso deveria ser obrigatório. Isso mesmo caro leitor, o que muitos dizem ser incoerente, é justamente coerente; pois se o país não se prontificar a ensinar os cidadãos de maneira ‘integral’, estará indubitavelmente levando-os a uma vida ‘falsa’: COMO SE O FENÔMENO RELIGIOSO NÃO EXISTISSE.

País laico não é país antirreligião. Em um mundo onde a religião está em todas as esferas da sociedade, não abordar o tema na educação formal é, no mínimo, incoerente.

 Segundo o site G1, 8 de 10 brasileiros dizem ser religiosos (http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/05/de-cada-10-brasileiros-8-dizem-ser-religiosos-diz-pesquisa-internacional.html).

 O site Respeitar é Preciso colocando a religião em números, aponta que 32% da população mundial é adepta do cristianismo, 23% é muçulmana, 15% é hinduista e 7% é budista.

(https://respeitarepreciso.org.br/a-diversidade-religiosa-do-mundo-em-numeros/)

 

Portanto, querer instruir as pessoas excluindo o fenômeno religioso é formar cidadãos que não terão condições de interagir em meio à sociedade que, em sua ‘grande’ maioria, professa crer no transcendente. Como ensinar as pessoas a viverem pacificamente, se não compreendermos como elas agem com base em suas crenças religiosas? Pois é óbvio que as pessoas agem de conformidade com aquilo que creem, religiosos ou não. É deficitário o ensino que não aborde a temática religiosa.

 

Não estou com isso dizendo que o Estado deva ensinar religião, o que é um absurdo, mas que o Estado deve ter uma abordagem mais ampla quando o assunto é religião. Até porque o Ensino Religioso já está contemplado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quanto ao Ensino Fundamental, porém o mesmo não ocorre no Ensino Médio.

 

No entanto, no Ensino Fundamental há um gigantesco problema, uma vez que o Ensino Religioso é uma disciplina facultativa, ou seja, a escola deve ter professor para lecionar a disciplina, mas os alunos não têm obrigação quanto ao frequentar a mesma. Aí gera-se um problema (teoria e prática), dizer que a BNCC contempla o Ensino Religioso e ao mesmo tempo dizer que o aluno não precisa frequentar a aula (se não desejar), é o mesmo que dizer (para a maioria) que o Ensino Religioso não é relevante. Assim, o números de matriculados na disciplina se torna mínimo, tornando inviável um professor qualificado.

 

A escola terá um professor para o Ensino Religioso por ser obrigada, mas; qual será a formação deste profissional que vai lidar com as crenças e valores da maioria?

1. Um professor de matemática, português ou de ciências?

2. Qual a qualificação deste para tratar de assunto complexo como é o credo no transcendente?

3. E o que irão ensinar: o Fenômeno Religioso ou alguma determinada religião?

O que ocorre na maioria das vezes é que o professor não qualificado para disciplina em questão, ira tratar de ensinar segundo sua própria fé, ou sobre aquela religião predominante na região (ou país), ou então; ira ensinar sobre valores morais e éticos, que são importantes para sociedade; porém, não tem, necessariamente, relação com o credo religioso. Assim sendo, o conteúdo apresentado por tal professor é sem consistência para o aluno, não trazendo crescimento humano, que traduza em um sociedade melhor, pois o objetivo da BNCC é que “a educação brasileira – pública e privada – caminhe para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.” (https://sae.digital/bncc-do-ensino-medio/).

 

O que deve ser ensinado na disciplina de Ensino Religioso é:

 

1. A forma como as pessoas se relacionam com aquilo que creem ser divino;

2. Como as crenças religiosas movimentam o mercado financeiro com vendas de produtos religiosos como: velas, incensos, músicas, imagens, livros, turismo, e outros.

3. Como a crença religiosa está bem representada pelas obras de arte, como pinturas, esculturas e templos.

4. Como ela está inserida nas decisões tomadas no Congresso Nacional, permeando a direção que o país toma.

5. O que a maioria das religiões creem, quando se trata de valores morais/éticos e como elas se relacionam com o mundo (isso evitaria que muitas pessoas fossem enganadas por lideres de má fé).

 

Também é de se pensar que não ensinar sobre o Fenômeno Religioso é não ensinar sobre a História Humana, pois; não há (honestamente) como ensinar Antropologia, Sociologia, Filosofia, Ética, Psicologia, Cultura, sem mencionar a Religião que permeia toda sociedade. Basta um caminhada pela cidade, ou mesmo bairro, para ver o quanto a religião está presente e atuante.

 

A religião está presente com seu serviços em creches, orfanatos, escolas, faculdades, asilos, presídios, clínicas de recuperação de dependente químicos, distribuição de alimentos para moradores de rua e, muitos outros. Sem mencionar a esperança e consolo levada a muitas famílias. Portanto, deveria sim, o Estado ensinar no Ensino Fundamental e no Médio o Fenômeno Religioso com todo seu envolvimento em meio a sociedade, evitando assim, a distorção do que é Religião e seu papel para comunidade em geral. Evitando as diferenças, muitas das vezes, ‘violentas’ entre os religiosos e os não-religiosos, que ocorrerem por falta de entendimento social de igualdade e justiça para todos. 

 

 Se o Estado tivesse o cuidado de preparar professores com formação adequada na área religiosa, especificamente Fenômeno Religioso, geraria-se cidadãos melhores, preparados para lidar com as diferenças de pensamentos de muitos, haja vista que, o mundo em sua grande maioria tem seu modo de pensar entrelaçado com seus valores religiosos. Negar isso, excluindo um ensino integral, é deixar que os formandos, após a conclusão de seus estudos não estejam preparados para lidar com as pessoas ao seu redor, pois (se) 8 de 10 brasileiros dizem ser religiosos, certamente o formando terá que conviver com o pensamento religioso.

 

Reflita sobre isso e dê sua opinião.

 

 

Vagner Oliveira