domingo, 4 de fevereiro de 2018

A Questão do Suicídio




Escrevo este texto com o propósito de esclarecer um pouco sobre este tema tão atual, sem nenhuma intenção de ofender alguém, seja quem for.



ATUALMENTE temos ouvido muito sobre pessoas tirando a própria vida, pessoas das mais variadas classes, há pessoas que ‘aparentemente’ não tem problemas que poderíamos associar à prática suicida (não que haja algum problema que justifique tal atitude). Temos ouvido de pessoas que professam sua fé no Cristo ressurreto, mas que por algum motivo desistem de viver.

A grande questão reside em saber o que ocorre em uma pessoa para que ela tome tal atitude.

Creio (e sou humano, como qualquer outro, tenho desejos, sonhos, projetos, acertos, erros, falhas, frustações, perdas, e tudo o mais que a sociedade moderna tem) que todos passamos por situações que nos abalam, mas até que ponto suportamos a pressão externa e interna?

O que ocorre para chegarmos ao ponto de ruptura com a vida que o Senhor nos deu?

Ninguém (em sã consciência) chega de um momento para o outro e decide se matar! Há muitas coisas que uma pessoa vive antes de chegar ao ponto de desistir da vida, até porque, nós lidamos com nossos problemas cotidianamente de diversas formas e, todos (sem exceção) temos problemas, não há ser humano que não tenha problemas, pois; o mesmo faz parte da vida humana.

Compreendo que quando uma pessoa chega ao ponto do suicídio é porque ela tentou de todas as formas que sabia uma solução para seu conflito.

Mas, a grande questão é:

Como alguém conhecedora do Cristo ressurreto que nos diz:

aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.” 
Jo 4.14.

Paulo escrevendo aos irmãos da cidade de Filipos os encoraja a sempre colocar suas ansiedades na presença do Senhor. Ele escreve “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” Ef. 4.4. E, continua “Não andeis ansiosos de coisa alguma” Fp 4.6.

É ‘INCRÍVEL’ COMO HÁ PESSOAS QUE FREQUENTAM DENOMINAÇÕES CRISTÃS E, ATÉ PASTORES E OBREIROS À FRENTE DA OBRA DO SENHOR QUE CHEGAM A TIRAR SUA PRÓPRIA VIDA.

Uma coisa muita dita pelos cristãos é que o Senhor abençoa a todos que o buscam, mas como entender aquele que prega e ensina isso às pessoas e mesmo assim tira a própria vida?
A verdade é que não adianta estar em uma igreja ou mesmo à frente dos trabalhos desta; tudo na vida cristã depende da comunhão com o Senhor. Não é por estar em uma denominação cristã que temos tal comunhão, isso é algo pessoal e contínuo. Todo cristão, nascido de novo (regenerado), tem “a paz de Deus, que excede todo o entendimento” Fl 4.7; e, é justamente essa paz que nos faz transpor todo e qualquer obstáculo que possa tentar nos destruir.

Paulo aconselha “O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.” Fl 4.9. Perceba que Paulo diz ‘aprendestes’, ‘recebestes’, ‘ouvistes’, ‘vistes’, ‘praticai’. Tudo isso é um processo pelo qual o cristão passa até chegar “ao pleno conhecimento da verdade.” I Tm 2.4. Isso, não é somente frequentar uma denominação cristã, mas é um processo espiritual que leva a pessoa a viver em comunhão com os céus, com o Senhor.


COMUNHÃO é a PALAVRA-CHAVE

Creio piamente que uma pessoa em comunhão com o Senhor, JAMAIS tiraria a sua própria vida. Pois, quem (foi) está no Senhor, tem a promessa “... eu vos aliviarei... e achareis descanso para a vossa alma” Mt 11.28,29. Mesmo neste texto bíblico de Mateus 11 (vs 30) fica evidente que aquilo que leva uma pessoa ao suicídio vem de uma fonte antagônica ao nosso Mestre, pois o jugo do Senhor é “suave” e o fardo é “leve”. 

Interessante são as palavras “jugo” e “fardo” aplicadas neste contexto, pois os termos aqui usados são para evidenciar o tipo de autoridade que o Senhor Jesus tem; no verso 27 deste capítulo, Jesus diz “Tudo me foi entregue por meu Pai”. Ele deixa claro que tem toda autoridade, assim podendo agir como melhor lhe convir. Mas a escolha que lhe agrada é a de não oprimir aquele que o serve.

Jugo =
significa submissão, obediência, autoridade, domínio, opressão, sujeição.

Fardo =
o que é pesado ou custa a suportar; que exige cuidados ou responsabilidades.

Independente do dicionário usada para saber qual a melhor definição destes termos; uma coisa é clara, ‘jugo’ e ‘fardo’ aqui, sempre estão relacionadas ao conceito de estar sob à autoridade de Cristo. E, se assim estivermos, estaremos sob algo “suave” e “leve” e, não sob algo ‘severo’ e ‘pesado’.


ALGUÉM JÁ DISSE:

SE O FARDO É LEVE, POR QUE ESTÁ PESADO?’

A resposta é: este fardo não é do Senhor, porque se fora seria leve.

Sendo o suicídio um ato de desespero de uma pessoa que já não suporta mais o ‘peso’ da vida, ele vem de outra fonte contrária a natureza do Senhor Jesus.

Que natureza é essa? Alguns dizem que é de natureza demoníaca, outros; que é de natureza psíquica (humana). Creio que seja destas duas. Mas, não abordarei este assunto aqui.

O fato é que alguém toma a decisão de tirar a própria vida, devido estar afastado do Senhor, não andando em novidade de vida (Rm 6.4). Ser membro ou líder de uma igreja cristã, como já mencionei, não nos torna cristão regenerado.

Atualmente temos presenciado um grande movimento evangélico em nossa nação. Há inúmeras igrejas em todas as regiões. Muitas pessoas vão à igreja para resolver seus problemas e, quando melhoram de vida, estes se associam à entidade religiosa. Há também, filhos de cristãos que cresceram na igreja e, por estar acostumados a este ambiente, vivem nele e até crescem ministerialmente (é o mundo - cultural - que conhecem) mas, não têm vida regenerada, não conhecem o Senhor. Tem aqueles que são pessoas públicas, alguns famosos, que se envolvem com a fé cristã e, aí passam a ser chamados de convertidos. Abro aqui um parêntese; é por isso que vemos tantos escândalos nas igrejas cristãs: pastores adúlteros que continuam a pastorear, pastores que se enriquecem com o dinheiro da igreja, brigas para se manter no poder eclesiástico, cristãos mentirosos e caloteiros, cantores evangélicos que não têm testemunho cristão, pastores que se divorciam e casam novamente (geralmente com uma mulher mais jovem) e; tantas outras coisas incompatíveis com o cristianismo bíblico.

Então, não pense que uma pessoa lavada e remida pelo precioso sangue de Cristo, derramado na cruz, tirará sua própria vida; ‘sua’ não, “porque fostes comprados por preço” I Co 6.20. A vida de um cristão pertence eternamente à Cristo. E é, justamente este Cristo quem disse “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” Jo 10.10. Quem tira a própria vida não tem “vida abundante”, se tivesse, não a tiraria.


NENHUM SALVO SE SUICIDA

Embora alguns queiram justificar a salvação de um suicida usando textos bíblicos, tal ideia vai na contramão da Palavra, pois a mesma, nos revela que Deus tem preparado para os Seus a eternidade, algo que sempre fora o propósito do Senhor para o ser humano – VIDA. A morte é fruto do pecado e, não da vontade soberana do Senhor, tanto é que Cristo pagou para que a morte pudesse ser aniquilada na cruz. Deus criou o homem para desfrutar de Sua presença eternamente. A morte não é, e nunca foi algo bom. O próprio Deus nos aconselha a escolher a vida em Dt 30.19 “Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência”.



TRANSTORNOS MENTAIS x SUICÍDIO

Não creio que uma pessoa (salva) estando fora de seu juízo normal pelo uso de um algum medicamento, ou por algum motivo, tenha suas faculdades mentais alteradas; como por exemplo, um cristão que após um acidente teve sequelas e sua capacidade mental ficou prejudicada e tira sua própria vida. Se a pessoa não está em seu juízo normal, certamente não poderá ser condenada. Só somos condenados porque a Lei nos foi revelada, sem Lei não poderia haver condenação, pois não saberíamos como nos comportar corretamente (não que a Lei nos salve). É através do conhecimento da Lei que nos tornamos repreensíveis. Somos julgados pelo que a Lei diz. Isso é tão claro; quando dizemos para uma pessoa que ela está errada em determinada atitude e ela nos pergunta o porquê, nós mostramos na Bíblia a vontade do Senhor, por exemplo, se ela faz uso da mentira, nós mostramos que Deus abomina tal prática através dos textos bíblicos que tratam do assunto. Assim, se uma pessoa não está em condições mentais normais, ela não tem condições de tomar as decisões corretas – segundo a vontade do Senhor, revelada nas Escrituras.

TODO PECADO É PERDOÁVEL (com exceção a blasfêmia contra o Espírito Santo) alguns dizem. Só que este pensamento é atribuído à salvação por obras; o cristão não é salvo por cumprir rituais, por não cometer determinados pecados, por pecar menos que os outros ou por sempre estar pedindo perdão pelos pecados cometidos. Somos salvos pela obra expiatória de Cristo, somos salvos porque o Senhor nos salvou -  não há nenhum mérito em nós.

Não somos salvos porque procuramos viver afastados do pecado, mas; procuramos viver afastado do pecado porque somos salvos – queremos agradar aquele que nos salvou. Não é o ato do suicídio que leva à perda da salvação (se assim fosse, a salvação seria meritória), mas é o ato do suicídio que evidencia a não salvação.


A PALAVRA DE DEUS DIZ QUE:

                = a pessoa salva Cristo vive nela (Gl 2.20).
    = tem vida em regozijo (Mt 13.44)
    = vive na expectativa da vinda do seu Senhor (I Ts 4.17)
                = passou da morte para vida (Jo 5.24)
                = é uma nova criatura (II Co 5.17)
                = tem a paz que excede todo entendimento (Fp 4.7)