domingo, 5 de maio de 2019

HUMANOLOGIA


      Em dias hodiernos, vivemos tempos tecnológicos, onde é dada grande importância à área técnica/tecnológica. É certo que a técnica é algo de grande valor, sem a qual nada pode ser realizado/melhorado. Porém, as pessoas têm se distanciado da área de humanas, o que é algo preocupante, haja vista que tudo que fazemos é para o ser humano. Quando deixamos de lado o fator humano, estamos deixando de lado o objeto para quais todas as técnicas foram/são criadas. As técnicas/tecnologias médicas, que são de grande valor para quem exerce a medicina, são têm sentido quando se visa o bem da pessoa a qual fará uso destes recursos. As técnicas/tecnologias das engenharias, que proporciona a realização do trabalho qual engenharia se destina, só fará sentido se for para uso de pessoas. Todas as técnicas/tecnologias só têm um propósito, que é beneficiar pessoas. Muitos buscam conhecimento (técnicas/tecnologias) para melhorar aquilo que fazem e, é certo o fazerem, mas tem que ser buscado entendendo que o propósito para se aplicar determinada técnica/tecnologia é para que se melhore a vida das pessoas. 


Há inúmeros profissionais que são excepcionais naquilo que se aplicam a fazerem, mas ficam em muito, devendo no trato humanizado. Por serem referência naquilo que exercem ou, por terem uma excelente formação, se ‘esquecem’ que estão tratando com pessoas; seres com sentimentos, valores, cultura, espiritualidade, entre muitos outros aspectos.

Há um aspecto interessante de ser analisado. Uma pessoa quando está em uma posição ‘superior’ à outra, geralmente, a trata ‘olhando’ para baixo. 

Um empregador que está contratando alguém quer/exige que o entrevistado tenha conhecimento da empresa que se propõe a trabalhar, porém este mesmo empregador não está nenhum um pouco interessado na vida do entrevistado; a não ser no conhecimento técnico/tecnológico que beneficie a empresa. Assim, a pessoa que está procurando uma oportunidade de emprego irá buscar conhecer um pouco daquela empresa antes da entrevista; por que ela quer realmente conhecer a empresa em questão? É certo que não. Ela está em posição ‘inferior’ à empresa, assim se ‘obriga’ a conhecê-la. Tempos depois de ser contratado pela empresa, lhe é oferecido uma proposta melhor em outra. Agora o quadro muda, o empregado está em posição ‘superior’. A empresa até oferece um aumento de salário, mas o empregado não está nenhum pouco interessado na empresa neste dado momento.

É certo que isso é algo lógico; se preciso de algo devo me enquadrar nos requisitos exigidos, isso é o que todos fazemos. Mas, proponho que sejamos mais humanizados, em todos os níveis da sociedade e com todos, desde o mais simples cidadão inculto e/ou necessitado ao mais culto e/ou próspero. Um doutor ao conversar com uma pessoa ‘simples’ deve tratá-la com deferência a qual, qualquer ser humano deve ser tratado. 

As pessoas devem ser respeitadas não pelo que tem (riqueza, cultura, posição social, ou qualquer outra), mas devem ser respeitadas, por serem seres humanos. Em nível biológico todos somos iguais. Não há uma pessoa que seja melhor que outra. Porém, existem pessoas que quando prosperam financeiramente, menosprezam aqueles que não têm tanto quanto. Há também, aquele que uma vez posto em posição hierarquicamente ‘superior’, gosta de ser chamado pelo seu título (ego inflado). Outros quando adquirem um nível cultural mais elevado, olham para os incultos como se fossem inferiores.

Não se pode ter um mundo melhor se olhamos para nosso semelhante de forma pejorativa, inferior. Temos que ter uma postura mais humanizada, mais fraternal, mais respeitosa. Até que ponto vamos caminhar, olhando o mais ‘humilde’, e achando que somos melhores porque a vida, de alguma forma, nos beneficiou? Até quando?

Se alguém se acha em posição ‘superior’ de alguma forma, essa posição deve ser revertida em ações altruístas, alcançando o menos privilegiado e o alçando a um patamar de contentamento através de uma vida mais digna. Seguramente, a pessoa que contribuiu com a ascensão de outra se sentira ‘mais’ realizada. Isso sim é ser ‘superior’. É deixar de lado a arrogância, o egocentrismo.

Colocar-se no lugar do outro, sentir a dor do outro e; realizar uma ação que reverta o quadro de SUPERIORIDADE X inferioridade, tornando a sociedade mais humana e; transformando essa dicotomia social e uma que seja: eu + outro = NÓS; viveremos em um planeta muito melhor.

A ideia que o mais forte vence e se mantém e o mais fraca fica para trás, está ultrapassa. O ser humano deve perceber que essa ideia de superioridade levou o planeta ao colapso (no sentido de suporte à vida), porque neste ‘espírito’ de podermos fazer qualquer coisa para prosperarmos destruímos tudo.  

É interessante percebermos o quando nos é apresentado o conceito de respeito e cooperação em casa, na escola, na universidade, nos cursos de integração das empresas, em geral. Mas, na prática (a maioria) tem buscando seu ‘lugar ao sol’ mesmo que isso demande passar ‘por cima dos outros’. Não há uma preocupação real pelo o outro, percebe-se que o patrão passa pelo funcionário e, sequer, deseja-lhe um bom dia; não que devesse fazê-lo mecanicamente, obrigatoriamente todos os dias, não; mas que se tenha uma postura de alteridade e não somente de autoridade.

No meio religioso onde as pessoas são, em tese, o mais importante, há também um ‘ar de superioridade’ entre o líder religioso e o fiel. Mesmo que o próprio líder diga que é um servo de Deus a serviço do próximo, exige-se que seja chamado pelo título que sua denominação o designou.

Neste mundo onde o ‘ter’ é mais valorizado que o ‘ser’, ter dinheiro, ter fama, ter sucesso, ter reconhecimento, ter status.

O ‘ser’ respeitoso, ser educado, ser generoso, ser bondoso, ser honesto; tem perdido espaço.  

      Embora este texto não tenha nenhum objetivo político, vale ressaltar que no dia 26 de abril (2019), em seu Twitter; o presidente Jair Bolsonaro disse que: 

O Ministro da Educação @abrahamWeinT estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas)....” 

No entanto, uma sociedade sem os estudos da área de humanas não terá um bom desenvolvimento ‘humano’. É justamente nesta área de estudos que se pondera sobre o ‘ser’. Toda riqueza começa no interior do ser humano, quando buscamos bens materiais sem compreender o valor real do ‘ser’; teremos uma sociedade gananciosa e arrogante. Tendo indivíduos crescendo à custa de outro que, indubitavelmente, esse terá uma vida ‘escravizada’, quer pelo sistema trabalhista opressivo, quer pela política egocentrista ou pela elite intelectualizada. 


      
     Se o centro de tudo que nos empenharmos a realizar não for o ser humano, estamos fadados ao colapso social. Devemos nos comprometer a mudar nossa forma de agir em relação ao outro, compreendendo que TODOS somos iguais, vivemos no mesmo planeta, precisamos das mesmas coisas para vivermos e; dependemos uns dos outros, sem sombra de dúvidas.
  
Vagner Oliveira


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