Em
dias hodiernos, vivemos tempos tecnológicos, onde é dada grande importância à
área técnica/tecnológica. É certo que a técnica é algo de grande valor, sem a
qual nada pode ser realizado/melhorado. Porém, as pessoas têm se distanciado da
área de humanas, o que é algo preocupante, haja vista que tudo que fazemos é
para o ser humano. Quando deixamos de lado o fator humano, estamos deixando de
lado o objeto para quais todas as técnicas foram/são criadas. As
técnicas/tecnologias médicas, que são de grande valor para quem exerce a
medicina, são têm sentido quando se visa o bem da pessoa a qual fará uso destes
recursos. As técnicas/tecnologias das engenharias, que proporciona a realização
do trabalho qual engenharia se destina, só fará sentido se for para uso de pessoas.
Todas as técnicas/tecnologias só têm um propósito, que é beneficiar pessoas.
Muitos buscam conhecimento (técnicas/tecnologias) para melhorar aquilo que
fazem e, é certo o fazerem, mas tem que ser buscado entendendo que o propósito
para se aplicar determinada técnica/tecnologia é para que se melhore a vida das
pessoas.
Há
inúmeros profissionais que são excepcionais naquilo que se aplicam a fazerem,
mas ficam em muito, devendo no trato humanizado. Por serem referência naquilo
que exercem ou, por terem uma excelente formação, se ‘esquecem’ que estão
tratando com pessoas; seres com sentimentos, valores, cultura, espiritualidade,
entre muitos outros aspectos.
Há
um aspecto interessante de ser analisado. Uma pessoa quando está em uma posição
‘superior’ à outra, geralmente, a trata ‘olhando’ para baixo.
Um
empregador que está contratando alguém quer/exige que o entrevistado tenha
conhecimento da empresa que se propõe a trabalhar, porém este mesmo empregador
não está nenhum um pouco interessado na vida do entrevistado; a não ser no
conhecimento técnico/tecnológico que beneficie a empresa. Assim, a pessoa que
está procurando uma oportunidade de emprego irá buscar conhecer um pouco daquela
empresa antes da entrevista; por que ela quer realmente conhecer a empresa em
questão? É certo que não. Ela está em posição ‘inferior’ à empresa, assim se
‘obriga’ a conhecê-la. Tempos depois de ser contratado pela empresa, lhe é
oferecido uma proposta melhor em outra. Agora o quadro muda, o empregado está
em posição ‘superior’. A empresa até oferece um aumento de salário, mas o
empregado não está nenhum pouco interessado na empresa neste dado momento.
É
certo que isso é algo lógico; se preciso de algo devo me enquadrar nos
requisitos exigidos, isso é o que todos fazemos. Mas, proponho que sejamos mais
humanizados, em todos os níveis da sociedade e com todos, desde o mais simples
cidadão inculto e/ou necessitado ao mais culto e/ou próspero. Um doutor ao
conversar com uma pessoa ‘simples’ deve tratá-la com deferência a qual, qualquer
ser humano deve ser tratado.
As
pessoas devem ser respeitadas não pelo que tem (riqueza, cultura, posição
social, ou qualquer outra), mas devem ser respeitadas, por serem seres humanos.
Em nível biológico todos somos iguais. Não há uma pessoa que seja melhor que
outra. Porém, existem pessoas que quando prosperam financeiramente, menosprezam
aqueles que não têm tanto quanto. Há também, aquele que uma vez posto em
posição hierarquicamente ‘superior’, gosta de ser chamado pelo seu título (ego
inflado). Outros quando adquirem um nível cultural mais elevado, olham para os
incultos como se fossem inferiores.
Não
se pode ter um mundo melhor se olhamos para nosso semelhante de forma
pejorativa, inferior. Temos que ter uma postura mais humanizada, mais fraternal,
mais respeitosa. Até que ponto vamos caminhar, olhando o mais ‘humilde’, e
achando que somos melhores porque a vida, de alguma forma, nos beneficiou? Até
quando?
Se
alguém se acha em posição ‘superior’ de alguma forma, essa posição deve ser
revertida em ações altruístas, alcançando o menos privilegiado e o alçando a um
patamar de contentamento através de uma vida mais digna. Seguramente, a pessoa
que contribuiu com a ascensão de outra se sentira ‘mais’ realizada. Isso sim é
ser ‘superior’. É deixar de lado a arrogância, o egocentrismo.
Colocar-se
no lugar do outro, sentir a dor do outro e; realizar uma ação que reverta o
quadro de SUPERIORIDADE X inferioridade, tornando a
sociedade mais humana e; transformando essa dicotomia social e uma que seja: eu
+ outro = NÓS; viveremos em um planeta muito melhor.
A
ideia que o mais forte vence e se mantém e o mais fraca fica para trás, está
ultrapassa. O ser humano deve perceber que essa ideia de superioridade levou o
planeta ao colapso (no sentido de suporte à vida), porque neste ‘espírito’ de
podermos fazer qualquer coisa para prosperarmos destruímos tudo.
É
interessante percebermos o quando nos é apresentado o conceito de respeito e
cooperação em casa, na escola, na universidade, nos cursos de integração das
empresas, em geral. Mas, na prática (a maioria) tem buscando seu ‘lugar ao sol’
mesmo que isso demande passar ‘por cima dos outros’. Não há uma preocupação
real pelo o outro, percebe-se que o patrão passa pelo funcionário e, sequer,
deseja-lhe um bom dia; não que devesse fazê-lo mecanicamente, obrigatoriamente
todos os dias, não; mas que se tenha uma postura de alteridade e não somente de
autoridade.
No
meio religioso onde as pessoas são, em tese, o mais importante, há também um
‘ar de superioridade’ entre o líder religioso e o fiel. Mesmo que o próprio
líder diga que é um servo de Deus a serviço do próximo, exige-se que seja
chamado pelo título que sua denominação o designou.
Neste
mundo onde o ‘ter’ é mais valorizado que o ‘ser’, ter dinheiro, ter fama, ter
sucesso, ter reconhecimento, ter status.
O
‘ser’ respeitoso, ser educado, ser generoso, ser bondoso, ser honesto; tem
perdido espaço.
Embora
este texto não tenha nenhum objetivo político, vale ressaltar que no dia 26 de
abril (2019), em seu Twitter; o presidente Jair Bolsonaro disse que:
“O Ministro da Educação @abrahamWeinT estuda descentralizar investimento em faculdades
de filosofia e sociologia (humanas)....”
No entanto, uma sociedade sem os
estudos da área de humanas não terá um bom desenvolvimento ‘humano’. É
justamente nesta área de estudos que se pondera sobre o ‘ser’. Toda riqueza
começa no interior do ser humano, quando buscamos bens materiais sem
compreender o valor real do ‘ser’; teremos uma sociedade gananciosa e
arrogante. Tendo indivíduos crescendo à custa de outro que, indubitavelmente, esse
terá uma vida ‘escravizada’, quer pelo sistema trabalhista opressivo, quer pela
política egocentrista ou pela elite intelectualizada.
Se o centro de tudo que nos empenharmos a realizar não for o
ser humano, estamos fadados ao colapso social. Devemos nos comprometer a mudar
nossa forma de agir em relação ao outro, compreendendo que TODOS somos iguais,
vivemos no mesmo planeta, precisamos das mesmas coisas para vivermos e;
dependemos uns dos outros, sem sombra de dúvidas.
Vagner Oliveira
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