Hoje em dia as
pessoas acham que por ser ‘justas’ serão abençoadas. Até as pregações em muitos
púlpitos nos levam a pensar assim; pois muitos pregadores chegam ao ponto de
dizer que temos ‘direito’ das bênçãos de Deus por fazermos as coisas de forma
correta, a forma que agrada a Deus. Portanto o Senhor fica obrigado a nos
abençoar. Isso é absurdo.
Nós não somos justos, de forma alguma; muito pelo contrário somos miseráveis, somos corruptos, em nosso corpo habita o pecado que é a ofensa a Deus. Isso é tão real; que necessitamos nascer de novo, porque somos carnais (materiais).
É certo que um
cristão nascido de novo pode dizer ‘mas se sou convertido, sou justo diante do
Senhor; assim Deus tem que me abençoar’. Não se engane; você não é justo como
pensa; mas você é justificado em Cristo Jesus, o sacrifício de Jesus é que te
torna justo.
Temos uma parábola
bíblica (Lc 18) sobre dois homens que foram ao templo para orar.
Um fariseu que orava ‘Ó Deus, graças te dou porque não sou como os
demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano;
jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’.
E um publicano que se quer ousou levantar os
olhos ao céu para orar por se achar indigno e batendo no peito dizia ‘Ó Deus, sê propício a mim, pecador!’
E o Senhor Jesus
dize que o publicano ‘desceu
justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será
humilhado; mas o que se humilha será exaltado’.
Veja bem que o
Senhor não disse que o fariseu estava mentindo quando dizia que não era
roubador, injusto ou adúltero; ou que jejuava duas vezes por semana e dava o
dízimo.
Já o publicano reconheceu a necessidade do socorro do
Senhor, reconhecendo assim que era injusto. E este ‘desceu justificado’.
Perceba que não é o que fazemos, mas o reconhecimento de que
nada somos e que dependemos da misericórdia divina. E não estou aqui dizendo
que então não necessitamos agir corretamente (até porque isso é o mínimo que
devemos fazer). Mas só seremos
justificamos pelo Senhor. A justiça em nós é a justiça de Cristo e, não a nossa
justiça. E é por isso que somos salvos da ira divina, do castigo eterno. Deus
olha para nós é vê a justiça divina imputada em nós através da cruz.
Isaías (64.6) retrata
com muita propriedade a questão da justiça humana; quando diz que a nossa
justiça é ‘trapo de imundícia’.
“Mas todos
nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia”.
E para que
serve um trapo imundo, senão para ser jogado no lixo? Essa é a situação da
nossa justiça ante Deus!
O verso 5 de
Isaías 64 diz “Sais ao encontro
daquele que com alegria pratica justiça, daqueles que se lembram de ti nos teus
caminhos; eis que te iraste, porque pecamos;...”.
De certa
forma profética, para nossos dias, o texto diz que Deus sai contra aquele que
com alegria pratica justiça, contra aqueles que se lembram do Senhor nos seus
caminhos.
É o que
muitos fazem quando vão até a igreja alegres esperando uma palavra de benção e
vitória para sua vida, para seus caminhos. O Senhor vem com ira, porque
deveríamos nos vestir de panos de trapos (símbolo bíblico de humilhação) e nos prostramos
diante de Sua Majestade. Pois o mais ‘justo’ dos homens tem o pecado maculando ‘sua’
justiça.
Não temos direito,
como alguns pregadores pretendem. As pregações dizendo que temos que
reivindicar as bênçãos, usar a fé, professar de forma positiva não falando
palavras de derrota, entre outras; não passam pelo crivo da análise bíblica,
embora aludam para alguns versículos; eles desprezam a essência das Escrituras
Sagradas.
E este é um
dos motivos de “Muitos, naquele dia, hão
de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome,
e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos
milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de
mim, os que praticais a iniquidade. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas
palavras e as pratica será comparado a um homem prudente; (...) E todo aquele
que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem
insensato (...)” Mt 7.22-24,26
Portanto,
sejamos como o publicano; e seremos justificados e exaltados pelo Senhor da
justiça.
Vagner Oliveira