segunda-feira, 22 de abril de 2019

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INTEGRAL



Vagner Nunes de Oliveira¹

RESUMO: Este artigo baseia-se em pesquisa bibliográfica; buscando demonstrar a importância do Ensino Religioso, haja vista, que as manifestações religiosas percorrem todas as eras da humanidade. Assim, deve-se apresentar aos educandos a compreensão do Fenômeno Religioso, sendo direito de todo cidadão brasileiro a educação integral.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino Religioso. Fenômeno Religioso. Educação Integral.

1 Introdução
Muito se tem debatido, acerca do ensino religioso nas instituições públicas de ensino no Brasil. Alguns são a favor outros contra. Alguns alegam que, sendo o país laico, não se deve ter tal disciplina. Outros defendem o ensino religioso, pois ‘a muito se tem ensinado sobre religião em sala de aula e nunca trouxe prejuízo para as demais disciplinas’. Alegam também que, ser laico não é ser antirreligião.
O Ensino Religioso deve contribuir para a formação integral do religioso e do não religioso. Este é o dever de um Estado laico, sem pender para o religioso ou para o não religioso, mas contribuindo para formação intelectual e moral dos cidadãos. E isto só poderá ser alcançado se a disciplina Ensino Religioso tiver um conteúdo que agregue valores para todos, sem proselitismo (e sem ateímoso).

2 Formação Integral
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – nº 9475/97, art. 33; determina que:

O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação
básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.

Sendo por lei vedado o proselitismo, a melhor forma de ministrar o ensino religioso deve ser a partir do ‘fenômeno’ religioso, este é o melhor viés, no tocante a não ser proselitista. E para tanto, se faz necessário que os profissionais que lecionam tal disciplina tenham uma formação adequada e continuada. A questão ‘religião’ deve ser abordada em sala de aula, haja vista, a grande diversidade religiosa que nosso país apresenta.

2.1 Prática Social
O Brasil, um país laico, tem o dever de apresentar ao educando uma visão real da sociedade. Sendo a nação plurirreligiosa, o educando está em contato com diversas crenças religiosas, pois as mesmas estão presentes na cidade, no campo, nas mídias, na política, em ações humanitárias, entre outras. Não há como discorrer sobre o Brasil e sua gente, sem considerar as manifestações culturais e religiosas.
A LDB no art. 3º garante ao cidadão brasileiro a “valorização da experiência extraescolar” e “vinculação entre a educação escolar... e as práticas sociais”. Portanto, devem-se valorizar as ‘experiências’ e ‘práticas’ religiosas também, todo cidadão brasileiro está exposto ao fenômeno religioso, em toda família há pessoas religiosas. Não há uma única região onde não se vê práticas religiosas em nosso país. Sendo laico (e não antirreligioso), o país não deve se associar a nenhuma prática religiosa, porém, não pode se eximir do ensino religioso (fenômeno religioso), uma vez que se cala a cerca do assunto em sala de aula, estará indubitavelmente, permitindo uma educação deficitária. O educando sendo privado de assunto de tão grande relevância, estará sujeito a pessoas que usam da religião para práticas abusivas, fanatismos, atos terroristas, como se presencia hodiernamente em várias partes do planeta.

2.2 Respeito à diversidade religiosa
Se o Estado estiver consciente do quão importante é o fenômeno religioso, apresentará as nuances do fenômeno. Tratará de apresentar ao aluno temas essenciais (não somente a história das religiões) que impera na alma humana desde os primórdios da civilização, a saber, todo questionamento do Transcendente, do mítico. É certo que o Estado não ensine religião, mas ensine sobre o fenômeno religioso, que move o ser humano. O educando bem instruído, crescerá e poderá tomar decisões mais assertivas em sua vida, o que impacta a sociedade em um todo. Deve-se abordar o fenômeno religioso, uma vez que, é a “realidade social” (LDB, art.26, § 1º) a qual estamos inseridos. Quando tratado de forma didática, trará uma melhor compressão do assunto, criando um diálogo e respeito entre o religioso e o não religioso, entre uma religião e outra; sem discriminação ou fanatismo.
O ensino religioso deveria ser disciplina em todos os níveis da educação. Pois, não basta ter ‘algumas’ aulas e, acreditar que o cidadão terá a tolerância e respeito pela diversidade religiosa do país como pretende a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quando propõe que “o Ensino Religioso... busca problematizar representações sociais preconceituosas sobre o outro, com o intuito de combater a intolerância, a discriminação e a exclusão.” (BNCC, 2017, p. 432).
Desejar um país onde todos se respeitem independente do seu credo (ou não credo), sem abordar o assunto com os educandos em todos os níveis de aprendizagem é uma utopia. Se tratado de forma clara, didática, sem proselitismo; teremos um povo que não se deixará enganar por nenhum credo doloso, pois o educando terá melhor compreensão dos valores dos credos religiosos.

2.3 Fenômeno Religioso: antecede a educação formal
O ‘fenômeno’ religioso é assim denominado, porque é passível de ser observado, pesquisado, avaliado, qualificado. O fenômeno religioso tem sido motivo de muitas pesquisas em âmbito mundial. As manifestações religiosas tem grande significado em meio aos povos antigos e também atuais, podendo ser estudada de maneira interdisciplinar enriquecendo, em muito, o saber humano; principalmente a respeito das questões metafísicas. É de vital importância a apresentação de uma disciplina que traga uma melhor compreensão sobre esse tema, haja vista, que o Homem pré-histórico já buscava um elo com sobrenatural.

[...] fenômeno que aparece em todas as culturas, desde a Pré-História até os dias atuais, conforme evidencias nas pinturas das cavernas, nos costumes funerários de nossos ancestrais distantes e na contínua busca por um objetivo espiritual na vida. (O LIVRO DAS RELIGIÕES, 2016, p. 12).

É impossível abordar a história humana sem apresentar as manifestações religiosas, a religião sempre esteve presente em todas as civilizações, desde os primórdios da humanidade. Basta olhar ao redor onde vivemos e, certamente algo de religioso estará presente, seja através de um templo, igreja, terreiro, mesquita, centro (espírita), ou; em obras de arte, em músicas, festas, arquitetura, e tantos outros. A laicidade de nosso país será tida com grande valor se o Estado estiver empenhado com um aprendizado integral que permita, também, ao cidadão a compreensão do fenômeno religioso, com seus valores e saberes. A grandeza do ‘laico’ é, justamente, o dialogar com toda sociedade, religiosa ou não, crente ou ateia; dando oportunidade para que o cidadão cresça, tendo todas as realidades sociais apresentadas a ele. E, a melhor maneira do Estado apresentar essas realidades é através da instrução formal. Não instruindo sobre religião, mas sobre o fenômeno religioso.

3. Fenômeno Religioso

O termo fenômeno vem do grego fainomenon, que literalmente significa aquilo que aparece, que se mostra. Logo, literalmente, Fenomenologia é o estudo do que aparece. Obviamente, porém, como método científico, o termo vai muito além do seu significado literal. A Fenomenologia é uma tentativa de compreensão da essência da experiência humana, seja ela psicológica, social, cultural ou religiosa, a partir da análise das suas manifestações, que são chamadas de fenômenos. (SILVA, 2014, p. 31).

A Fenomenologia buscar compreender os fenômenos e como se manifestam. É através da investigação do fenômeno religioso (Fenomenologia) que se pode assimilar os significados dos símbolos, ritos, rituais, os espaços sagrados, a organização hierárquica. É através da compreensão destes fenômenos que surge o respeito e, até a reverência, a crença do outro. Quando se compreende os significados deste fenômeno para o religioso, desenvolve-se um sentimento profundo de empatia.

3.1 Blocos de conteúdo
O Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (Fonaper) apresenta cinco eixos organizadores do conteúdo do Ensino Religioso: Culturas e Tradições Religiosas; Escrituras Sagradas; Teologias; Ritos e; Ethos. (PCNER, 2012, p. 50). É através destes conteúdos que se organizam as aulas de Ensino Religioso, não proselitista.

CONCLUSÂO:
            Levando-se em consideração esses aspectos apresentados, somos levados a acreditar que em um país laico onde se pretende uma educação integral, é de suma importância a apresentação real da sociedade brasileira plurirreligiosa, através de uma disciplina que aborde o fenômeno religioso e não o ensino de alguma religião específica; seja ela, qual for. Formando assim cidadãos críticos, conscientes e atuantes em meio à sociedade brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. LDB – Lei nº 9475/97, de 22 de julho de 1997. Estabelece as diretrizes e bases da Educação nacional. Brasília: MEC, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. BNCC: Educação é a base.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=
download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192. Acesso em:03 março 2019

FONAPER. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Religioso. 3.ed. São Paulo: Mundo Mirim, 2012.
SILVA, Cácio. Fenomenologia da Religião: Compreendendo as ideias a partir das suas manifestações. São Paulo: Vida Nova, 2014.
Werner, Camila (ed.). O Livro das Religiões. 2.ed. São Paulo: Globo Livros, 2016.



[1] Graduação em Teologia, Especialização em Ensino Religioso pela Faculdade São Luís.      E-mail: vagnerno@hotmail.com.        Orientador: Profa. Dra. Lucia Helena Vasques

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Páscoa


Páscoa tempo de festa, viagem, família, descanso, celebração religiosa e, é claro; chocolate, muito chocolate!

Nestes dias que antecedem o feriado de Páscoa há muita festividade, mas... o quê é a Páscoa?
As pessoas têm a ideia religiosa deste dia, mas realmente há um valor real, espiritual, sendo comemorado? Há a compreensão genuína da motivação para comemorar este dia?

As pessoas realizam encenação deste dia fatídico, ai me vem à mente uma frase daquele o qual aponta a Páscoa cristã, o Cristo. O cordeiro sacrificial, aquele que serviria como meio de propiciação pelos pecados de todos. Aquele que viria a ser o único meio aceito por Deus para que pudéssemos nos chegar a Ele. Este Cristo em certa ocasião disse: “...por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?” (Lc 6.46). Essa frase reverbera até os dias atuais, “...não fazeis o que vos digo”. Ser cristão não está ligado a ser de uma instituição religiosa. Nem sequer em ‘crer’ em Cristo Jesus. Ledo engado é acreditar que frequentar uma igreja, praticar alguns rituais ou ter um sentimento de ‘respeito’ a Deus torna um pessoa cristã. Em absoluto; cristianismo é, em suma, OBEDIÊNCIA. Por isso, posso ouvir o mestre dizer: - Fazeis o que vos digo.
 
Devemos entender que a Páscoa é o dia para refletirmos se realmente temos ouvido o Mestre. Mestre, que no dia festivo da Páscoa onde se sacrificava um cordeiro para comemorar o dia em que o povo (hebreu) saiu do Egito, era sacrificado no calvário pelos nossos pecados (...o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo – Jo 1.29).

Mas... o quê significa ‘que tira o pecado do mundo’? Senão que o mau que era pertinente a nós, agora é exposto na cruz? A cruz, que deveria ser nosso fim, revela que se vivermos na prática do pecado, seremos indubitavelmente condenados (cruz: local onde os malfeitores deveriam pagar seu males). Perceba que se uma pessoa espera para pagar pelos seus erros não haverá salvação para ela. Pois, Cristo pagou (sem dever) e, assim pôde reviver para viver eternamente sem condenação. Agora se alguém não ouve o mestre e supõe que pode viver da forma que lhe apraz, não serão ritos religiosos que lhe assegurarão vida eterna e paz com Deus.

Páscoa: tempo de olharmos para nós mesmos e reconhecermos a necessidade (urgente) da reconciliação pela cruz de Cristo. Acaso Deus tem prazer em ritos ou em obediência? O profeta Samuel disse ao povo de Israel: “...Tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar...” 
(I Sm 15.22).

A morte de Cristo é, justamente, para que se gere em nós uma mudança (conversão) de vida. Não são os ritos religiosos que evidenciam nossa fé cristã, mas nossas atitudes cotidianamente. Muitos professam crer em Deus, porém “... negam-no com suas obras...” (Tt 1.16).

Portanto, que essa Páscoa seja o momento oportuno para nos conscientizarmos e, por consequente, nos moldar às palavras do Mestre. Podendo ouvir dele “...Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo... ” (Mt 25.34).




Vagner Oliveira

domingo, 7 de abril de 2019

E o véu do templo se rasgou de alto a baixo’. (Mc 15.38).


      Estava eu dentro do templo realizando todos os rituais do ofício, de repente ouvi um barulho, que vinha do alto, não dos homens. Estava eu vivendo, fazendo as coisas concernentes a religião e, por estar dentro do templo realizando tais coisas não me apercebi que as realizava, mas isso era, tão somente, coisas humanas, religião de homens, coisas aprendidas por meus antepassados. Estava ali, dedicando-me – pensando – a Deus. Foi quando ouvi este barulho, que me assustara, barulho que ao princípio não reconhecera, mas logo percebi que vinha do lugar santíssimo, ou entre o santíssimo e o santo. Me estremecera, algo em mim se moveu, o som ‘falava’ comigo. Deus, sim o Eterno clamara em alto e bom tom: Tetelestai. Tetelestai. Está consumado. Está consumado. A voz do eterno reverberara pelo templo e eu pude ver a ação dele através da ruptura da cortina que me impedia de ter, livre, acesso a presença dele. Então entendi que os ritos, liturgias, e tudo que entendia como serviço ao Senhor, eram apenas pequenas coisas aprendidas, eram sombras
      Fazia coisas para que me aproximasse Dele, é agora Ele mesmo rasgara aquilo que nos distanciava, a religião. Ao rasgar a cortina do templo, rasgou tudo aquilo que me separava e me aproximou através da cruz. Isso é, justamente, o que muitos têm feito para se aproximar de Deus. Ritos, liturgias, caridade e outras, sem fim; maneiras de ‘cultuar' Deus 

      Até o dia em que Deus se aproxima. E o sobrenatural ocorre. E, tem-se um encontro com o Altíssimo. Sua vida é total e completamente transformada. Daí em diante não são, somente, expressões exteriores (embora façam parte); mas expressões internas. Isso é GRAÇA, transformação interna, não sendo efetuada por ‘mãos humanas’; mas efetivada por um poder do alto.  

A isso chamamos CONVERSÃO 


Quando não sou eu que faço, mas Deus faz em mim. 

RELIGIOSO = quando busca Deus através de coisas praticadas. Quando busca através de justiça própria (práticas religiosas). 
  
CONVERSÃO = quando Deus busca o perdido. Busca efetivada através da graça divina. Não há méritos humanos.

Vagner Oliveira